Qual a ação da substância do Fosaprepitanto Dimeglumina Camber Farmaceutica?
Resultados de Eficácia
Quimioterapia Moderadamente Emetogênica (QME)
Em um estudo randômico, de grupos paralelos, duplo-cego, controlado com medicação ativa, o fosaprepitanto 150 mg como infusão intravenosa única (N = 502) em combinação com ondansetrona e dexametasona (regime de fosaprepitanto) foi comparado com ondansetrona e dexametasona isoladas (regime controle) (N =498) (veja tabela 3) em pacientes recebendo regime de quimioterapia moderadamente emetogênico. Os agentes de QME mais comumente administrados foram carboplatina, oxaliplatina e ciclofosfamida.
Tabela 1: Regimes de tratamento no estudo QME*
- | Dia 1 | Dia 2 | Dia 3 |
Regime de fosaprepitanto para prevenção de náusea e vômito induzidos por quimioterapia (NVIQ) | |||
Fosaprepitanto | 150 mg intravenoso durante 20 a 30 minutos Aproximadamente 30 minutos antes da quimioterapia | Nenhum | Nenhum |
Dexametasona oral † | 12 mg | Nenhum | Nenhum |
Ondansetrona oral‡ | 8 mg para 2 doses | Nenhum | Nenhum |
Regime controle para prevenção de náusea e vômito induzidos por quimioterapia (NVIQ) | |||
Dexametasona oral | 20 mg | Nenhum | Nenhum |
Ondansetrona oral‡ | 8 mg para 2 doses | 8 mg duas vezes ao dia | 8 mg duas vezes ao dia |
*Fosaprepitanto placebo e dexametasona placebo (no dia 1) foram usados para manter o cegamento.
†Dexametasona foi administrada 30 minutos antes do tratamento com quimioterapia no dia 1. A dose de 12 mg de dexametasona reflete o ajuste de dose para considerar a interação medicamentosa com regime de fosaprepitanto.
‡A primeira dose de ondansetrona foi administrada 30 a 60 minutos antes do tratamento com quimioterapia no dia 1 e a segunda dose foi administrada 8 horas após a primeira dose de ondansetrona.
A eficácia de fosaprepitanto foi avaliada com base nos desfechos primário e secundário listados na tabela 4 abaixo e mostrou ser superior ao regime controle com relação à resposta completa nas fases tardia e geral.
Tabela 2 – Porcentagem de pacientes recebendo QME respondendo por grupo e fase de tratamento
Desfechos | Regime de fosaprepitanto (N = 502)* % | Regime controle (N = 498)* % | Valor de p |
Desfecho Primário | |||
Resposta Completa† | |||
Fase Tardia‡ | 78,9 | 68,5 | <0,001 |
Desfechos secundários principais | |||
Resposta Completa | |||
Geral§ | 77,1 | 66,9 | <0.001 |
Fase aguda¶ | 93,2 | 91 | 0,184 |
*N: número de pacientes incluídos na população intenção de tratar.
†Resposta completa = sem vômito e sem uso de terapia de resgate.
‡Fase tardia = 25 a 120 horas após o início da quimioterapia.
§Geral = 0 a 120 horas após o início da quimioterapia.
¶Fase aguda = 0 a 24 horas após o início da quimioterapia.
As curvas de Kaplan-Meier na figura 1 mostram que o tempo para o primeiro vômito foi maior nos pacientes do regime fosaprepitanto em comparação ao regime controle (valor de p nominal <0,001 pelo teste de log-rank).
Figura 1: Porcentagem de pacientes recebendo QME e que permanecem livres de êmese ao longo do tempo
Regime de fosaprepitanto
Fosaprepitanto 150 mg no dia 1 em combinação com ondansetrona 16 mg oral no dia 1 e dexametasona 12 mg no dia 1. Dias 2-3: placebo para ondansetrona a cada 12 horas.
Regime controle
16 mg de ondansetrona oral no dia 1 em combinação com 20 mg de dexametasona oral no dia 1. Dias 2-3: 8 mg de ondansetrona oral duas vezes ao dia.
Quimioterapia Altamente Emetogênica (QAE)
Em um estudo randômico, de grupos paralelos, duplo-cego, controlado com medicação ativa, o fosaprepitanto 150 mg (N = 1147) como infusão intravenosa única foi comparado a um esquema de 3 dias com aprepitanto (N = 1175) em pacientes que receberam quimioterapia altamente emetogênica que incluiu cisplatina (≥70 mg/m2 ). Outros agentes quimioterápicos concomitantes comumente administrados foram fluorouracil, gencitabina, paclitaxel e etoposídeo. Todos os pacientes em ambos os grupos receberam dexametasona e ondansetrona (vide tabela 3).
Tabela 3: Regime de tratamento no estudo QAE*
- | Dia 1 | Dia 2 | Dia 3 | Dia 4 |
Regime de fosaprepitanto para prevenção de náusea e vômito induzidos por quimioterapia (NVIQ) | ||||
Fosaprepitanto | 150 mg intravenoso durante 20 a 30 minutos Aproximadamente 30 minutos antes da quimioterapia | Nenhum | Nenhum | Nenhum |
Dexametasona oral† | 12 mg | 8 mg | 8 mg duas vezes ao dia | 8 mg duas vezes ao dia |
Ondansetrona | Ondansetrona‡ | Nenhum | Nenhum | Nenhum |
Regime de aprepitanto oral para prevenção de náusea e vômito induzidos por quimioterapia (NVIQ) | ||||
Aprepitanto em cápsula | 125 mg | 80 mg | 80 mg | Nenhum |
Dexametasona oral§ | 12 mg | 8 mg | 8 mg | 8 mg |
Ondansetrona | Ondansetrona‡ | Nenhum | Nenhum | Nenhum |
*Fosaprepitanto placebo, aprepitanto placebo em cápsulas e dexametasona placebo (nas tardes dos dias 3 e 4) foram usados para manter o cegamento.
†Dexametasona foi administrada 30 minutos antes do tratamento com quimioterapia no dia 1 e nas manhãs dos dias 2 a 4. Dexametasona foi também administrada nas tardes dos dias 3 e 4. A dose de 12 mg de dexametasona no dia 1 e de 8 mg uma vez ao dia no dia 2 reflete o ajuste de dose para considerar a interação medicamentosa com o regime de fosaprepitanto.
†Ondansetrona 32 mg intravenosa foi utilizado nos estudos clínicos de fosaprepitanto e aprepitanto. Embora esta dose tenha sido utilizada nos estudos clínicos, esta não é mais a dose atualmente recomendada. Consultar a bula de ondasetrona para a dose atualmente recomendada.
§Dexametasona foi administrada 30 minutos antes do tratamento com quimioterapia no dia 1 e na manhã dos dias 2 a 4. A dose de 12 mg de dexametasona no dia 1 e 8 mg uma vez ao dia nos dias 2 a 4 reflete o ajuste de dose para considerar a interação medicamentosa com o regime de aprepitanto oral.
A eficácia foi baseada na avaliação das seguintes medidas compostas: resposta completa tanto na fase global como na fase tardia e ausência de vômitos na fase global. Fosaprepitanto Dimeglumina 150 mg foi não-inferior ao esquema de 3 dias de aprepitanto. Um resumo dos desfechos primários e secundários é mostrado na Tabela 4.
Tabela 4: Porcentagem de pacientes recebendo quimioterapia altamente emetogênica que apresentaram resposta por grupo de tratamento e fase — ciclo 1
Desfechos* | Esquema com Fosaprepitanto (N =1106) ** % | Esquema com Aprepitanto (N =1134) ** % | Diferença† |
Resposta Completa‡ | |||
Global§ | 71,9 | 72,3 | -0,4 (-4,1, 3,3) |
Fase tardia§§ | 74,3 | 74,2 | 0,1 (-3,5, 3,7) |
Ausência de Vômitos | |||
Global§ | 72,9 | 74,6 | -1,7 (-5,3, 2,0) |
*Desfecho Primário em negrito.
**N: Número de pacientes incluídos na análise primária de resposta completa.
†Diferença e intervalo de confiança (IC) foram calculados utilizando o método proposto por Miettinen e Nurminen e ajustados por sexo.
‡Resposta Completa = ausência de vômitos e nenhum uso de terapia de resgate.
§Global = 0 a 120 horas pós-início da quimioterapia com cisplatina.
§§Fase tardia = 25 a 120 horas pós-início da quimioterapia com cisplatina.
Referências bibliográficas:
1. Grunberg S, Chua D, Maru A, Dinis J, DeVandry S, Boice JA et al. Single-dose fosaprepitant for the prevention of chemotherapy-induced nausea and vomiting associated with cisplatin therapy: randomized, double-blind study protocol-EASE. J Clin Oncol 2011:29(11):1495-1501.
Características Farmacológicas
Farmacologia clínica
Mecanismo de Ação
O Fosaprepitanto Dimeglumina é uma pró-droga do aprepitanto, e os efeitos antieméticos são atribuídos ao aprepitanto.
O aprepitanto possui mecanismo de ação exclusivo: trata-se de um antagonista seletivo com alta afinidade pelos receptores da substância P neurocinina 1 (NK1). Ensaios de contrasseleção mostraram que o aprepitanto foi, no mínimo, 3.000 vezes mais seletivo pelo receptor da NK1 do que por outros sítios receptores enzimáticos, transportadores, de canais de íon, incluindo os receptores de dopamina e serotonina alvos de terapias para náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia (NVIQ) existentes.
Demonstrou-se em estudos pré-clínicos que os antagonistas do receptor da NK1 inibem os vômitos induzidos por agentes quimioterápicos citotóxicos, tais como a cisplatina, por ação central. Os exames PET (sigla em inglês para Tomografia por Emissão de Pósitron) realizados nos estudos pré-clínicos e clínicos com o aprepitanto demonstraram que esse fármaco penetra o cérebro e ocupa os receptores de NK1 cerebrais. Os estudos pré-clínicos demonstram que o aprepitanto apresenta atividade central de longa duração, inibe as fases aguda e tardia das êmeses induzidas por cisplatina e aumenta a atividade antiemética da ondansetrona (um antagonista do receptor 5-HT3) e da dexametasona (um corticosteroide) contra êmeses induzidas pela cisplatina.
Farmacocinética
Absorção
Após uma única dose de 150 mg de fosaprepitanto administrado com uma infusão de 20 minutos em voluntários saudáveis, a média AUC0-∞ de aprepitanto foi 35,0 mcg•hr/mL e a concentração máxima média foi 4,01 mcg/mL.
Distribuição
O fosaprepitanto é rapidamente convertido a aprepitanto.
A taxa de ligação a proteínas plasmáticas do aprepitanto é maior que 95%. A média geométrica do volume de distribuição aparente no estado de equilíbrio (VdSS) é de aproximadamente 66 litros em humanos.
O aprepitanto atravessa a placenta em ratos e a barreira hematoencefálica em ratos e furões. As PETs em humanos indicam que o aprepitanto atravessa a barreira hematoencefálica.
Metabolismo
O fosaprepitanto foi rapidamente convertido em aprepitanto in vitro, em meios com preparado de fígado de espécies não clínicas (ratos e cães) e humanos. Além disso, o fosaprepitanto sofreu rápida e quase completa conversão para aprepitanto na preparação S9 para múltiplos outros tecidos humanos, incluindo rins, pulmão e íleo. Assim, parece que a conversão do fosaprepitanto em aprepitanto pode ocorrer em múltiplos tecidos extra-hepáticos. Em humanos, o fosaprepitanto administrado por via intravenosa foi rapidamente convertido a aprepitanto, 30 minutos após o fim da infusão.
O aprepitanto é amplamente metabolizado. Em adultos jovens saudáveis, o aprepitanto é responsável por aproximadamente 24% da radioatividade no plasma 72 horas após a administração oral de uma dose única de 300 mg de [14C]-aprepitanto, o que indica a presença considerável de metabólitos no plasma. Foram identificados no plasma humano 7 metabólitos do aprepitanto, os quais apresentam atividade apenas fraca. O metabolismo do aprepitanto ocorre em grande parte por meio da oxidação do anel morfolina e suas cadeias laterais. Os estudos in vitro com microssomos hepáticos humanos indicam que o aprepitanto é metabolizado primariamente pela CYP3A4 e secundariamente pelas isoenzimas CYP1A2 e CYP2C19. O aprepitanto não é metabolizado pelas isoenzimas CYP2D6, CYP2C9 ou CYP2E1.
Todos os metabólitos observados na urina, fezes e plasma após administração intravenosa da dose 100 mg [14C]-fosaprepitanto são também observados após a dose oral de [14C]-aprepitanto. Após conversão de 245,3 mg de Fosaprepitanto Dimeglumina (equivalente a 150 mg de fosaprepitanto ácido livre) a aprepitanto, 23,9 mg de ácido fosfórico e 95,3 mg de meglumina são liberados.
Eliminação
Após administração de uma dose única IV de 100 mg de [14C]-fosaprepitanto em indivíduos saudáveis, 57% da radioatividade foi recuperada na urina e 45% nas fezes.
O aprepitanto é eliminado principalmente pelo metabolismo e não é excretado por via renal. Após a administração oral de uma dose única de 300 mg de [14C]-aprepitanto a indivíduos saudáveis, 5% da radioatividade foi recuperada na urina e 86% nas fezes.
A meia-vida terminal aparente variou aproximadamente de 9 a 13 horas.
