Bula Dechimia

Princípio ativo: Decitabina

Classe Terapêutica: Todos Os Outros Antineoplásicos

Para que serve o Dechimia?

Dechimia é usado para

  • Tratamento de adultos com síndromes mielodisplásicas (SMD), incluindo pacientes já tratados ou não, casos novos e secundários de todos os tipos da classificação FAB e grupos de risco Intermediário-1, Intermediário-2 e Alto Risco;
  • Tratamento de adultos com leucemia mieloide aguda (LMA) recém-diagnosticada, tanto casos novos como secundários.

A eficácia em pacientes abaixo de 65 anos não foi completamente comprovada.

Quando não devo usar o Dechimia?

Dechimia não deve ser usado por pacientes com alergia à decitabina ou qualquer componente do remédio, nem durante a amamentação.

Como usar o Dechimia?

Este medicamento deve ser aplicado sob supervisão médica especializada em quimioterapia.

Siga os procedimentos padrão para manipulação de quimioterápicos, incluindo uso de luvas para evitar contato com a pele.

Dechimia é aplicado por infusão na veia. Não é necessário cateter central.

Medicamentos para prevenir náuseas não são rotineiros, mas podem ser usados se necessário.

Para preparar, misture o pó com 10 mL de água para injeções. Cada mL terá cerca de 5 mg de decitabina.

Após misturar, dilua com soro fisiológico ou glicose até concentração de 0,1 a 1,0 mg/mL.

Se não usado em 15 minutos, guarde a solução entre 2°C e 8°C por até 4 horas.

Descarte restos conforme normas locais.

Dechimia não causa irritação grave. Em caso de vazamento, siga os protocolos do hospital.

Misturas não recomendadas

Não misture com outros remédios. Não use o mesmo acesso venoso para outros medicamentos.

Dosagem

Existem dois esquemas de uso: 5 dias para LMA e 3 ou 5 dias para SMD. O tratamento mínimo é de 4 ciclos, podendo levar mais tempo para resposta. Em LMA, a resposta média ocorreu em 4,3 meses.

Em SMD, a resposta média foi de 3,5 ciclos (esquema de 5 dias) ou 3 ciclos (esquema de 3 dias). Continue o tratamento enquanto houver benefício, sem progressão da doença.

Se após 4 ciclos não houver melhora nos exames de sangue ou piora da doença, considere outras opções.

Esquema para Leucemia Mieloide Aguda

20 mg/m² por infusão de 1 hora, 5 dias seguidos. Repita a cada 4 semanas conforme resposta. Dose diária máxima: 20 mg/m². Dose por ciclo máxima: 100 mg/m². Pode ser feito em ambulatório.

Esquema para Síndromes Mielodisplásicas

Esquema de 3 dias

15 mg/m² por infusão de 3 horas, a cada 8 horas por 3 dias. Repita a cada 6 semanas. Dose diária máxima: 45 mg/m². Dose por ciclo máxima: 135 mg/m².

Esquema de 5 dias (ambulatório)

20 mg/m² por infusão de 1 hora, 5 dias seguidos. Repita a cada 4 semanas. Dose diária máxima: 20 mg/m². Dose por ciclo máxima: 100 mg/m².

Algumas respostas só aparecem após vários ciclos. Recomenda-se no mínimo 4 ciclos, mas pode levar mais. Continue enquanto houver benefício.

Avalie possíveis efeitos colaterais antes de cada dose.

Controle de efeitos no sangue

Redução de células sanguíneas (trombocitopenia, anemia, neutropenia) é comum. Modifique o tratamento conforme abaixo:

Leucemia mieloide aguda

Atrase o tratamento se ocorrer:

  • Febre com neutropenia (febre >38,5ºC e neutrófilos <1000/µL);
  • Infecção ativa que precise de antibióticos na veia;
  • Sangramento grave (com plaquetas <25.000/µL ou sangramento no cérebro).

Retome quando as condições melhorarem. Não reduza a dose.

Síndrome mielodisplásica

Esquema de 5 dias

Não reduza dose. Atrase conforme abaixo:

Primeiros 3 ciclos:

Mantenha dose e intervalo mesmo com redução moderada de células. Use antibióticos preventivos e transfusões se necessário.

Após o ciclo 3:

Atrase se houver infecção grave não controlada ou sangramento persistente. Se a recuperação levar mais de 8 semanas, interrompa e avalie progressão da doença.

Esquema de 3 dias
Primeiros 3 ciclos:

Mantenha dose e intervalo. Use medidas de suporte como transfusões.

Após o ciclo 3:

Se recuperação levar mais de 6 semanas, reduza dose conforme orientação médica. Se levar mais de 10 semanas, interrompa o tratamento.

Grupos especiais

Crianças e adolescentes

Segurança e eficácia não estabelecidas.

Problemas no fígado

Não estudado. Monitore pacientes com doença hepática.

Problemas nos rins

Use com cuidado em insuficiência renal grave. Pacientes com problemas renais leves a moderados não precisam de ajuste.

Quais cuidados tomar com o Dechimia?

Redução de células sanguíneas

Pode piorar condições existentes. Faça exames de sangue regularmente. Interrompa ou ajuste dose conforme orientado.

Problemas no fígado

Monitore pacientes com doença hepática.

Problemas nos rins

Use com cuidado em insuficiência renal grave.

Doenças cardíacas

Segurança não estabelecida em pacientes com problemas cardíacos graves.

Vacinas

Pode afetar resposta a vacinas. Vacinas com bactérias vivas devem ser aplicadas após 2 semanas do tratamento.

Homens

Não engravidar parceira durante tratamento e por 3 meses após. Considere congelar esperma antes do tratamento.

Idosos

Estudos mostraram segurança similar a pacientes mais jovens.

Dirigir e operar máquinas

Pode causar tontura e cansaço. Tenha cautela ao realizar estas atividades.

Dados de segurança

Estudos indicam que a decitabina pode causar câncer, danos genéticos e afetar fertilidade.

Gravidez

Categoria D.

Não use durante gravidez. Use métodos contraceptivos eficazes. Se engravidar durante tratamento, avise o médico imediatamente.

Não use durante a gravidez sem orientação médica. Informe seu médico se suspeitar de gravidez.

Amamentação

Não se sabe se passa para o leite materno. Suspenda a amamentação durante tratamento.

Quais os efeitos colaterais do Dechimia?

Os efeitos mais comuns são redução de células sanguíneas e complicações relacionadas.

Dados de estudos

Reações listadas abaixo foram observadas em estudos:

Reações Adversas

Tabela 5: Reações Adversas do Dechimia

aClassificação de gravidade.
bExcluindo pneumonia, infecção urinária e sepse.
cIncluindo sangramentos graves.
dTermos relacionados a alergias.
*Inclui eventos fatais.

Descrição das reações
Problemas sanguíneos:

Incluem febre com baixa imunidade, plaquetas baixas, anemia e glóbulos brancos reduzidos. Podem ocorrer infecções graves e sangramentos. Controle com exames de sangue, antibióticos e transfusões.

Experiência após aprovação

Não foram identificadas novas reações após comercialização.

Atenção: este medicamento tem nova indicação no país. Mesmo usado corretamente, podem ocorrer efeitos desconhecidos.

Dechimia com outros remédios: o que acontece?

Não foram feitos estudos específicos sobre interações.

Pode interagir com remédios que usam vias metabólicas semelhantes. Use com cuidado em combinações.

Efeitos de outros remédios no Dechimia

Não se esperam interações por enzimas hepáticas. A ligação a proteínas do sangue é mínima.

Efeitos do Dechimia em outros remédios

Não deve alterar outros medicamentos por enzimas hepáticas. Interações com transportadores são improváveis.

Como o Dechimia funciona no corpo?

Resultados de eficácia

Estudos em Síndromes Mielodisplásicas

Estudo Fase 2 (Esquema de 5 dias)

Estudo com 99 pacientes mostrou:

Tabela 1: Resultados do Dechimia

ParâmetroDechimia (n=99)

Resposta Global

33 (33%)

Remissão Completa

17 (17%)

Remissão Parcial

16 (16%)

Melhora Global

51 (52%)

Estudo Fase 3 (Esquema de 3 dias)

Benefício maior em pacientes de risco Intermediário-2 e Alto:

Tabela 2: Eficácia por Risco

Estudos em Leucemia Mieloide Aguda

Estudo comparou Dechimia (242 pacientes) com outros tratamentos (243 pacientes). Pacientes idosos (média 73 anos). Resultados:

Sobrevida média: 7,7 meses com Dechimia vs 5,0 meses com outros tratamentos. Taxa de remissão completa: 17,8% vs 7,8%.

Figura 1: Sobrevida global

Figura 2: Sobrevida global (dados completos)

Tabela 3: Outros Resultados

Como o remédio age

Mecanismo de ação

A decitabina inibe enzimas que modificam o DNA, podendo reativar genes protetores e levar à morte de células doentes.

Absorção e distribuição

Após injeção na veia, distribui-se rapidamente. Parâmetros médios:

Metabolismo e eliminação

É ativado dentro das células. Não metabolizado por enzimas hepáticas comuns. Principal via: desaminação no fígado, rins e sangue.

Cerca de 90% é eliminado pela urina (apenas 4% como medicamento inalterado).

Grupos especiais

Não há diferenças significativas por idade, sexo ou etnia. Não estudado em problemas graves de fígado ou rins.

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