Bula Cloridrato De Memantina Torrent

Indicações do Cloridrato de Memantina

Tratamento de Alzheimer moderado a grave.

Não use se for alérgico ao cloridrato de memantina ou a qualquer componente do remédio.

Gravidez e amamentação

Categoria de risco B: Não há estudos com grávidas usando este remédio. Testes em animais mostraram possível redução no crescimento do bebê. O risco em humanos é desconhecido. Só use na gravidez se realmente necessário.

Não se sabe se o remédio passa para o leite materno, mas é provável que sim. Mulheres em tratamento não devem amamentar.

Grávidas só podem usar com orientação médica.

Modo de uso

Tome por via oral com água. Use todos os dias no mesmo horário, com ou sem comida. Não mastigue os comprimidos. O comprimido de 10 mg pode ser partido.

O tratamento deve começar com médico especialista. Só inicie se houver alguém para supervisionar o paciente. O diagnóstico deve seguir as diretrizes atuais.

A dose e tolerância devem ser reavaliadas regularmente. Primeira avaliação após 3 meses. Continue enquanto houver benefício e boa tolerância. Pare se não houver melhora ou surgirem efeitos ruins.

Dosagem do Cloridrato de Memantina

Ajuste da dose

Dose máxima diária: 20 mg. A dose final é alcançada aumentando gradualmente para reduzir efeitos colaterais.

Esquema de aumento da dose:

Primeira semana: 5 mg por dia (meio comprimido).

Segunda semana: 10 mg por dia (1 comprimido). Terceira semana: 15 mg por dia (1 comprimido e meio). Quarta semana em diante: 20 mg por dia (1 comprimido).

Dose habitual

Dose recomendada: 20 mg por dia.

Idosos

Dose recomendada: 20 mg por dia, conforme descrito.

Crianças e adolescentes (<18 anos)

Não é recomendado para menores de 18 anos por falta de dados de segurança.

Não use em crianças.

Problemas nos rins

Função renal leve (depuração 50-80 ml/min): sem ajuste. Moderado (depuração 30-49 ml/min): comece com 10 mg/dia. Após 7 dias, se tolerado, aumente para 20 mg/dia. Grave (depuração 5-29 ml/min): 10 mg por dia.

Problemas no fígado

Comprometimento leve a moderado: sem ajuste. Grave: não recomendado. Não há dados para uso nesses casos.

Cuidado em pacientes com epilepsia, convulsões ou fatores de risco para epilepsia.

Evite usar com outros remédios que atuam nos mesmos receptores (amantadina, quetamina, dextrometorfano) pois podem aumentar efeitos colaterais no sistema nervoso.

Fatores que aumentam o pH da urina (como mudança de dieta ou infecções urinárias) exigem monitoramento cuidadoso.

Pacientes com infarto recente, insuficiência cardíaca grave ou pressão alta não controlada devem ser acompanhados de perto.

Contém lactose.

Dirigir e operar máquinas

O Alzheimer geralmente prejudica essas habilidades. O remédio pode causar tontura ou sonolência. Pacientes devem ter cautela.

Tome cuidado ao dirigir ou operar máquinas durante o tratamento.

Grupos especiais

Para idosos, crianças e outros grupos, veja "Como tomar o Cloridrato de Memantina?".

Em estudos, os efeitos colaterais foram geralmente leves a moderados. Os mais comuns comparados ao placebo foram: tontura (6,3% vs 5,6%), dor de cabeça (5,2% vs 3,9%), prisão de ventre (4,6% vs 2,6%), sonolência (3,4% vs 2,2%) e pressão alta (4,1% vs 2,8%).

A tabela lista todos os efeitos relatados em estudos e após o lançamento do remédio, por gravidade e frequência:

Classificação das reações adversas:

• Muito comum (>1/10);
• Comum (>1/100 a 1/1000 e 1/10000 e <1/1000);
• Muito raro (<1/10000);
• Desconhecido (não pode ser estimado).

¹Alucinações principalmente em Alzheimer grave.
²Casos raros após o lançamento.

Alzheimer está associado a depressão e pensamentos suicidas. Esses efeitos foram relatados em pacientes usando Cloridrato de Memantina.

Em caso de efeitos adversos, informe à Anvisa pelo NOTIVISA (http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm) ou à vigilância sanitária local.

Há poucos dados sobre superdose em estudos e após o lançamento.

Sintomas

Doses altas (200 mg ou 105 mg/dia por 3 dias) causaram cansaço, fraqueza ou diarreia. Doses menores causaram confusão, sonolência, agitação, alucinações, dificuldade para andar, vômito ou diarreia.

Um paciente sobreviveu após tomar 2000 mg: ficou em coma por 10 dias, depois teve visão dupla e agitação. Recuperou-se sem sequelas.

Outro paciente tomou 400 mg e teve agitação, alucinações, sonolência e perda de consciência, mas se recuperou.

O que fazer em caso de superdose

Tratamento

Tratamento é sintomático. Não há antídoto específico. Pode-se usar lavagem estomacal, carvão ativado ou outros métodos para remover o remédio.

Se houver superestimulação do sistema nervoso, faça tratamento clínico cuidadoso.

Em caso de superdose, ligue para 0800 722 6001 para orientação.

Possíveis interações

Devido ao seu mecanismo de ação, pode interagir com:

• Remédios como L-dopa, agonistas dopaminérgicos e anticolinérgicos podem ter efeito aumentado. Barbitúricos e neurolépticos podem ter efeito reduzido. Uso com dantroleno ou baclofeno pode exigir ajuste de dose;
• Evite usar com amantadina (risco de psicose). O mesmo vale para quetamina e dextrometorfano. Há relato de possível risco com fenitoína;
• Substâncias como cimetidina, ranitidina, procainamida, quinidina, quinina e nicotina podem aumentar os níveis de memantina;
• Pode reduzir níveis de hidroclorotiazida;
• Casos raros de aumento do INR (coagulação) com varfarina. Monitore coagulação se usar anticoagulantes orais.

Estudos não mostraram interações relevantes com gliburida/metformina ou donepezila.

Não houve efeito relevante na farmacocinética da galantamina.

Não inibe enzimas hepáticas importantes.

Uso com álcool

Não se espera interação, mas como age no sistema nervoso, não é recomendado combinar com álcool.

Eficácia

Estudos em animais

Em ratos, doses muito altas causaram lesões neurológicas. Não se sabe a relevância clínica disso. Alterações oculares em animais não foram observadas em humanos.

Acúmulo de memantina nos pulmões de roedores em altas doses. Relevância clínica desconhecida.

Sem genotoxicidade ou carcinogenicidade. Não causou malformações em animais, mas reduziu crescimento fetal em ratos.

Estudos em humanos

Estudo com 252 pacientes com Alzheimer moderado a grave mostrou benefícios após 6 meses comparado ao placebo¹.

Estudo com 403 pacientes com Alzheimer leve a moderado mostrou melhora significativa². Outro estudo com 470 pacientes não alcançou significância estatística³.

Análise combinada de 6 estudos mostrou benefício significativo em pacientes com Alzheimer moderado a grave^4,5.

Referências:

1) Reisberg B, et al. N Engl J Med 2003;348:1333-41.
2) Peskind ER, et al. Am J Geriatr Psychiatry. 2006 Aug;14(8):704-15.
3) Bakchine S, Loft H. J Alzheimers Dis. 2008 Feb;13(1):97-107.
4) Winblad B, et al. Dement Geriatr Cogn Disord 2007;24:20-27
5) Wilkinson D, Andersen HF. Dement Geriatr Cogn Disord. 2007;24(2):138-45.

Características do medicamento

Como age no organismo

Mecanismo de ação

Disfunções no sistema glutamatérgico contribuem para o Alzheimer. Memantina é um bloqueador não competitivo de receptores NMDA, modulando efeitos do excesso de glutamato.

Como o corpo processa o remédio

Absorção

Biodisponibilidade: ~100%. Pico de concentração: 3-8 horas. Alimentos não afetam absorção.

Distribuição

20 mg/dia: concentração 70-150 ng/ml. Volume de distribuição: ~10 l/kg. Ligação a proteínas: ~45%.

Metabolismo

~80% circula como substância original. Metabólitos não têm atividade. Não é metabolizado por enzimas hepáticas importantes.

Eliminação

Meia-vida: 60-100 horas. Eliminado principalmente pelos rins. Alcalinização da urina pode reduzir eliminação em 7-9 vezes.

Linearidade

Farmacocinética linear entre 10-40 mg.

Relação concentração-efeito

Com 20 mg/dia, concentração no líquido cefalorraquidiano atinge nível terapêutico.