Para que serve o Cloridrato de Dobutamina Neo Química?
O Cloridrato de Dobutamina é usado quando pacientes precisam de suporte para o coração trabalhar melhor, especialmente quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para o corpo. Também é indicado quando a pressão dentro do coração está alta demais, o que pode causar problemas nos pulmões.
Este remédio ajuda a fortalecer os batimentos cardíacos em casos de falência cardíaca aguda, seja por doença do coração ou após cirurgias cardíacas.
É utilizado por pouco tempo para melhorar a força do coração quando há piora da insuficiência cardíaca ou quando o coração está fraco depois de cirurgias cardíacas ou grandes cirurgias vasculares. O uso por via intravenosa em estudos foi feito por até 48 horas.
Quando não devo usar o Cloridrato de Dobutamina Neo Química?
Não use este medicamento nas seguintes situações:
- Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva (estreitamento abaixo da válvula aórtica), pois pode piorar a obstrução;
- Feocromocitoma (tumor na glândula adrenal), pois pode causar pressão muito alta;
- Arritmias cardíacas rápidas ou fibrilação ventricular, pois pode piorar a arritmia;
- Alergia à dobutamina ou qualquer componente do remédio.
Como usar o Cloridrato de Dobutamina Neo Química?
A solução precisa ser misturada com outro líquido antes do uso.
Deve ser aplicada diretamente na veia, usando uma infusão contínua.
Como abrir a ampola com sistema OPC (one point cut)
- Segure a ampola inclinada em 45 graus.
- Apoie os polegares no ponto estreito da ampola.
- Com o dedo indicador, pressione a parte superior da ampola para trás até abrir.
Atenção: o ponto colorido deve ficar virado para frente, oposto aos polegares.
Como misturar
Líquidos para misturar
Soro glicosado 5%; soro fisiológico 0,9%; glicose 5% em cloreto de sódio 0,45%; glicose 5% em cloreto de sódio 0,9%; glicose 10%; ringer lactato; glicose 5% em ringer lactato ou lactato de sódio.
A mistura deve considerar a necessidade de líquidos do paciente.
Concentrações após misturar
Cada ampola tem 250 mg de dobutamina em 20 mL.
Misturado em 1000 mL
Resulta em 250 mcg/mL.
Misturado em 500 mL
Resulta em 500 mcg/mL.
Misturado em 250 mL
Resulta em 1000 mcg/mL.
Atenção: não ultrapasse 5000 mcg/mL (250 mg misturados em 50 mL).
Aparência após misturar
Sem cor.
Pode ficar levemente rosada, o que indica pequena oxidação, mas ainda funciona se respeitado o prazo.
Validade após misturar
Temperatura ambiente (15°C a 30°C): 24 horas.
Não congele, pois pode formar cristais. Verifique se há partículas antes de usar. Se houver, descarte.
O que não pode misturar
Não misture com soluções alcalinas, como bicarbonato de sódio 5% ou similares.
Não use com outros remédios que tenham bissulfito de sódio ou álcool.
Também não misture com:
Hidrocortisona succinato sódico; cefazolina; cefamandol; cefalotina; penicilina; ácido etacrínico e heparina sódica.
O que pode misturar
Quando aplicado por tubos tipo Y, pode ser usado junto com dopamina, lidocaína, verapamil e cloreto de potássio.
Atenção: antes de começar, verifique os Cuidados de Administração e Monitoração do paciente.
Cuidados ao aplicar
Este remédio não substitui transfusão de sangue ou reposição de líquidos e sais.
Se o paciente tiver falta de líquido no corpo (desidratação), corrija primeiro com sangue ou soro.
Use uma bomba de infusão para controlar a velocidade e evitar overdose.
Ajuste a dose conforme a resposta do paciente. Alguns precisam de doses maiores.
Aplique em veia grossa ou diretamente na veia central. Para parar, reduza a dose aos poucos (parar rápido causa queda de pressão). Se a pressão cair, reponha líquidos.
Evite vazar para fora da veia, pois pode danificar a pele.
O que fazer se vazar da veia
Para evitar necrose, infiltre imediatamente 10 a 15 mL de soro fisiológico com 5 a 10 mg de fentolamina na área afetada. Use agulha fina. Em crianças, reduza a dose proporcionalmente.
Cuidados durante o uso
Pacientes usando este tipo de remédio precisam de monitoramento constante.
É necessário monitorar:
Pressão arterial, batimentos cardíacos (eletrocardiograma) e quantidade de urina.
Também verifique:
- Quantidade de sangue que o coração bombeia;
- Pressão nas veias centrais;
- Pressão nos pulmões;
- Nível de potássio no sangue.
Dose do Cloridrato de Dobutamina
Atenção: as doses são calculadas em dobutamina pura.
Doses e velocidade de aplicação
Para melhorar o bombeamento do coração, geralmente usa-se 2,5 a 10 mcg/kg/min. Comece com a menor dose (2,5 mcg/kg/min). Ajuste conforme a resposta do paciente. Alguns precisam de doses maiores.
Em estudos, o uso por via intravenosa foi feito por até 48 horas.
Adultos
Comece com 2,5 mcg/kg/min e ajuste aos poucos conforme a resposta. Doses entre 2,5 e 10 mcg/kg/min funcionam para a maioria. Às vezes, até 20 mcg/kg/min são necessários. Raramente, até 40 mcg/kg/min.
A tabela abaixo mostra a velocidade de infusão conforme a concentração e a dose desejada.
Crianças
Geralmente 5 a 20 mcg/kg/min, conforme a resposta. Use a tabela abaixo para calcular.
Tabela 1 - Velocidade de infusão conforme concentração e dose
Cloridrato de Dobutamina | Concentração da solução | ||
Dose desejada mcg/kg/min | 250 mcg/mL | 500 mcg/mL | 1000 mcg/mL |
Velocidade (mL/kg/min)** | |||
2,5 | 0,01 | 0,005 | 0,0025 |
5 | 0,02 | 0,01 | 0,005 |
7,5 | 0,03 | 0,015 | 0,0075 |
10 | 0,04 | 0,02 | 0,01 |
12,5 | 0,05 | 0,025 | 0,0125 |
15 | 0,06 | 0,03 | 0,015 |
(**) Velocidade necessária para aplicar a dose desejada, conforme as três concentrações mais usadas.
O que devo saber antes de usar o Cloridrato de Dobutamina Neo Química?
Gerais
Durante o uso, monitore pressão arterial, batimentos cardíacos e velocidade da infusão. É recomendado monitorar com eletrocardiograma até estabilizar.
Queda de pressão
Quedas bruscas de pressão podem acontecer. Reduzir a dose ou parar geralmente normaliza a pressão. Se a pressão estiver abaixo de 70 mmHg, pode ser falta de líquido no corpo. Reponha líquidos antes de usar este remédio.
Aumento de batimentos ou pressão
Pode aumentar os batimentos cardíacos ou a pressão arterial, principalmente a sistólica (máxima). Reduzir a dose geralmente resolve. Pacientes com pressão alta prévia ou fibrilação atrial podem ter maior risco.
Batimentos irregulares
Pode causar ou piorar batimentos irregulares do coração, raramente levando a taquicardia ventricular.
Problemas de enchimento ou obstrução cardíaca
Pode não funcionar bem se houver obstruções que atrapalhem o enchimento ou esvaziamento do coração, como em tamponamento cardíaco, estreitamento da válvula aórtica ou cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva.
Uso após infarto
Não há dados suficientes sobre segurança após infarto. Remédios que aumentam a força do coração podem piorar a área infartada.
Ruptura do coração
Ruptura cardíaca é uma complicação rara do infarto. Foram relatados casos durante testes com dobutamina em pacientes recentemente infartados (4 a 12 dias). Avalie cuidadosamente pacientes em risco.
Alergias
Podem ocorrer erupções na pele, coceira no couro cabeludo, aumento de eosinófilos, febre e chiado no peito.
Sensibilidade a sulfito
Este remédio contém bissulfito de sódio, que pode causar reações alérgicas graves, principalmente em asmáticos.
Diminuição do potássio
Pode reduzir levemente o potássio no sangue. Monitore o potássio durante o tratamento.
Câncer, mutações e fertilidade
Não foram feitos estudos sobre risco de câncer, mutações ou efeitos na fertilidade.
Trabalho de parto
Não se conhece o efeito durante o trabalho de parto.
Uso na gravidez – categoria B
Não use sem orientação médica durante a gravidez.
Estudos em animais não mostraram danos ao feto, mas não há estudos adequados em grávidas. Só use se realmente necessário.
Uso na amamentação
Não se sabe se passa para o leite. Por precaução, suspenda a amamentação durante o tratamento.
Uso em idosos
Não houve diferenças de segurança ou eficácia em comparação com jovens. Comece com doses menores, pois idosos podem ter função renal, hepática ou cardíaca reduzida.
Uso em crianças
Aumenta o bombeamento do coração em crianças de todas as idades. Em bebês prematuros, é menos eficaz que dopamina para aumentar a pressão e não oferece benefício adicional quando já se usa dopamina.
Quais os efeitos colaterais do Cloridrato de Dobutamina Neo Química?
Coração e vasos
Comuns (> 1% e < 10%)
Aumento de batimentos, pressão e batimentos extras
Aumento de 10-20 mmHg na pressão máxima e 5-15 batimentos/minuto ocorrem na maioria. Cerca de 5% tiveram batimentos extras. Estes efeitos dependem da dose.
Outros:
Pressão alta, pressão baixa, piora da isquemia, taquicardia, palpitações, batimentos extras ventriculares, taquicardia ventricular. Raros casos de ruptura cardíaca fatal durante testes.
Reações no local da aplicação
Pode ocorrer inflamação da veia (flebite). Se vazar, pode causar inflamação local. Raros casos de necrose da pele.
Outros efeitos
Comuns (> 1% e < 10%)
Ocorreram em 1% a 3% dos pacientes:
Náusea, dor de cabeça, dor no peito (angina), dor torácica, palpitações e falta de ar. Pode ocorrer manchas na pele. Raros casos de plaquetas baixas. Pode reduzir levemente o potássio no sangue.
Segurança em uso prolongado
Infusões de até 72 horas não causaram efeitos diferentes dos de curto prazo.
Se tiver efeitos adversos, informe ao NOTIVISA (www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa) ou à Vigilância Sanitária local.
Quais remédios não devo tomar com Cloridrato de Dobutamina Neo Química?
Este remédio pode:
- Aumentar o efeito de pressão de vasoconstritores (ex.: adrenalina, noradrenalina) e remédios como ergotamina, ergonovina, metilergonovina, metisergida ou ocitocina.
- Aumentar o risco de arritmias e pressão alta grave com antidepressivos tricíclicos (ex.: amitriptilina) ou maprotilina.
- Ter efeito reduzido ou reduzir efeito de betabloqueadores (ex.: propranolol). Se usar betabloqueadores, doses baixas de dobutamina podem causar vasoconstrição.
- Ter interações graves com cocaína, IMAO* (como furazolidona, procarbazina, selegilina) ou aumentar risco de arritmias com digitálicos (ex.: digoxina).
- Ter efeito aumentado com doxapram.
*Pacientes que usaram IMAO até 3 semanas antes podem precisar de doses até 10 vezes menores de dobutamina para evitar reações graves.
Usar com nitroprussiato aumenta o bombeamento cardíaco e geralmente reduz a pressão nos pulmões.
Anestésicos como halotano ou isoflurano aumentam o risco de arritmias graves.
Como o Cloridrato de Dobutamina funciona?
Resultados de Eficácia
A dobutamina fortalece os batimentos cardíacos com menos efeitos sobre os batimentos irregulares que o isoproterenol. Em estudos com pacientes após cirurgia cardíaca, aumentou o bombeamento do coração em 16-28% nas doses testadas, com aumento menor dos batimentos cardíacos comparado ao isoproterenol.
Doses baixas melhoram a função cardíaca sem aumentar os batimentos. É eficaz após cirurgias cardíacas, aumentando o bombeamento sem causar taquicardia significativa.
Em pacientes com doença das artérias coronárias, doses entre 2,5-10 mcg/kg/min aumentaram o bombeamento sanguíneo. Em insuficiência cardíaca, melhorou a hemodinâmica sem prejudicar o metabolismo do coração.
Uso por 72 horas melhorou a função dos vasos por pelo menos duas semanas. Comparada à dopamina, é mais eficaz para aumentar o bombeamento cardíaco em insuficiência cardíaca crônica, com menos risco de congestão pulmonar.
Após cirurgia, doses baixas reduzem a resistência vascular e a pressão de enchimento, enquanto doses maiores aumentam o bombeamento. Em geral, prefere-se dobutamina à dopamina para aumentar o bombeamento cardíaco.
Características Farmacológicas
Descrição
Substância sintética derivada da dopamina, fórmula C18H23NO3, peso molecular 301,39.
Como age
Fortalece diretamente os batimentos cardíacos ao estimular receptores beta 1. Tem poucos efeitos nos vasos. Não depende da liberação de substâncias naturais do corpo.
Aumenta o volume de sangue bombeado e reduz a pressão dentro do coração e a resistência vascular. Não aumenta significativamente o consumo de oxigênio pelo coração, exceto se aumentar muito os batimentos ou pressão.
Pode melhorar o fluxo urinário e a eliminação de sódio. Facilita a condução elétrica no coração. A dose efetiva varia por paciente.
Como o corpo processa
Começa a agir em 1-2 minutos. Concentrações estáveis em 10 minutos. Duração: menos de 5 minutos. É metabolizado no fígado em produtos inativos, eliminados principalmente na urina. Meia-vida no sangue: 2 minutos.
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