CFM proíbe anestesia geral e sedação para tatuagens, mas libera uso de pomadas anestésicas

Decisão do Conselho Federal de Medicina restringe uso de anestésicos injetáveis, mas mantém liberadas as pomadas utilizadas para aliviar a dor durante tatuagens. Medida ocorre após morte de influenciador sedado para procedimento.

CFM proíbe anestesia geral e sedação para tatuagens, mas libera uso de pomadas anestésicas

O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou nesta segunda-feira (28), no Diário Oficial da União, uma nova resolução que proíbe o uso de anestesia geral, sedação ou bloqueios anestésicos periféricos em procedimentos de tatuagem. A decisão é válida para tatuagens de qualquer tamanho ou localização no corpo.

Apesar da proibição, o CFM esclareceu que pomadas anestésicas continuam liberadas, sendo amplamente utilizadas por tatuadores para aliviar a dor de forma tópica, sem interferência sistêmica.

A única exceção à nova norma é para tatuagens com indicação médica, como parte de procedimentos reparadores - por exemplo, em reconstruções após cirurgias.

Contexto: morte após sedação reacende alerta

A decisão do CFM veio após a morte do influenciador e empresário Ricardo Godoi, de 46 anos, em janeiro deste ano. Ele faleceu em um hospital de Itapema (SC) após ser submetido a uma anestesia geral para realizar uma tatuagem. O caso chamou atenção para uma prática que vinha se tornando comum entre celebridades.

Nomes como MC Cabelinho, Rafaella Santos (irmã de Neymar) e o cantor Igor Kannário já admitiram ter se submetido a sedação ou anestesia para sessões longas de tatuagem. Em entrevista, MC Cabelinho afirmou ter sido intubado e anestesiado por 8 horas para tatuar as costas, em um ambiente semelhante a uma sala cirúrgica.

Quais os riscos?

Segundo especialistas, os riscos do uso de anestesia em procedimentos não hospitalares são significativos. A médica anestesiologista Esthael Cristina Querido Avelar explica que a anestesia geral inibe a respiração espontânea do paciente, sendo necessário o uso de aparelhos para ventilação mecânica. Caso haja dificuldade para entubar, pode ocorrer hipoxemia - falta de oxigenação nos tecidos.

Além disso, a anestesia pode provocar queda abrupta de pressão arterial, arritmias, reações alérgicas e broncoaspiração (quando o conteúdo do estômago é aspirado pelos pulmões), especialmente se o paciente não estiver em jejum adequado.

O anestesiologista George Miguel Goes, do Hospital Albert Einstein, reforça que a preparação para anestesia é criteriosa e envolve jejum, avaliação clínica e ambiente controlado. Segundo ele, o tempo de exposição ao anestésico também importa: “Uma endoscopia dura 10 minutos. Já uma tatuagem pode durar horas, o que aumenta significativamente os riscos”, alerta.

Sedação x Anestesia Geral

Anestesia geral: o paciente perde totalmente a consciência e a capacidade de respirar sozinho, sendo entubado e monitorado em ambiente hospitalar.

Sedação: induz o paciente ao sono, mas sem perda total da consciência. Pode ser leve, moderada ou profunda, e não exige entubação na maioria dos casos.

Apesar de menos arriscada, a sedação também exige estrutura adequada e profissionais especializados, sendo autorizada apenas em clínicas credenciadas pela Anvisa.

A resolução do CFM reforça a importância de se respeitar os limites da prática médica e proteger a segurança de quem busca procedimentos estéticos, como as tatuagens. A escolha por métodos mais seguros - como as pomadas anestésicas - passa a ser o único caminho possível dentro da legalidade.

📅 Postado há 1 mês

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